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sábado, 30 de novembro de 2019

De Capão da Canoa para Uruguaiana

Hoje acordamos cedo e reavaliamos a forma da carga do carro, para otimizar o acesso a alguns itens necessários enquanto nos deslocamos. Feitas as verificações de praxe saímos por volta 7,00 horas.
O trajeto até Porto Alegre pela Free Way foi como previsto: muito trânsito, mas no sentido inverso. Número imenso de carros na direção da praia. No nosso sentido o trânsito foi normal. Quando adentramos na estrada de pista única, entre Eldorado e Uruguaiana (680 Km), o trânsito não estava muito intenso, mas lento em razão da dificuldade de ultrapassagem. Isso durou somente os 100 primeiros quilômetros. 
Chegamos cedo em Uruguaiana, exatamente 15,30 estávamos no hotel. Até poderíamos ir um pouco mais adiante, mas como alguns trechos diários serão mais longos na Argentina, resolvemos parar e esticar as pernas passeando pelo centro da cidade.
Hoje efetivamente me dei conta de que estou na direção da Patagônia. Até então não tive muito tempo para pensar com calma no assunto. Parecia uma viagem qualquer. No entanto, não é. Estamos indo para a Patagônia. E na primavera!
Como não deu tempo de me preparar psicologicamente, entendi que, com certo atraso, estava na hora de fazê-lo.
Fui me dando conta à medida em que os pavilhões industriais; as grande instalações com depósito das empresas de logística de transporte; e as lojas de maior porte foram ficando para trás ao logo da estrada. As coxilhas começaram a ficar mais alongadas e mais verdes e o olhar não consegue mais ver o final da reta, que termina necessariamente na curva do céu. Nas estâncias os sinais do tempo de tosquia avisam os preparativos para o verão; a quantidade de potrilhos nascidos há menos de uma semana relembram que a vida se renova constantemente; o verde dos campos fazem o papel de um tapete que decora a pampa; as aguadas por este lado afirmam que a sede não avizinhará tão cedo; o céu "de um azul celeste, celestial", como diria Caetano, emoldura a paisagem que me me absorve e me recebe e me faz recordar que aqui está o fogo atávico a que me referi em poema antigo. 
Instintivamente vou alterando as músicas que servem de trilha sonora enquanto avanço na direção da primeira fronteira: no início a companhia de Alegre Correa e  Felipe Coelho (Raizes Trançadas) são seguidos de Mercedes Sosa e Astor Piazzolla; seguem-se alguns tangos variados até que, por obra do spotfy consigo atingir um manancial de Payadas e desfilam até o hotel Jose Larralde; Jorge Cafrune, Cenair Maicá, Jayme Caetano Braum (acompanhado e Lucio Yanel) e Horácio Guarany, terminando com quase a obra completa de Alfredo Zitarrosa. Parar terminar um dia cheio de reminiscências ouço ainda uma vez mais  Piazzolla: "Vuelvo al Sur, como se vuelve siempre al amor ... busco el Sur, el tiempo abierto, y su despues" . 
Estou de volta!

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