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sábado, 28 de agosto de 2021

SEGUNDO DIA

    Preciso fazer um alerta, como já fiz em outras viagens: este é um blog que tem a finalidade de comunicar de forma rápida vários amigos e familiares onde me encontro e como está correndo a viagem. Por isso, ele nunca sobre uma revisão. Escrevo e pronto, publico! Muitas vezes, o que não é o caso de hoje, redijo depois de algum chopp ou vinho. Relendo me espanto, porque não me imagino (me subestimo) com capacidade para tantos erros. Depois que passou, aí é que não vou corrigir mesmo.

   Dito isso, no horário marcado nos encontramos para o café, já com todo o equipamento nas motos, devidamente abastecidas para o primeiro período do trajeto. Saímos pontualmente 8,00 horas.

    Mas o dia de hoje me reservou grandes alegrias, me trouxe várias lembranças e fez com que a viagem fosse marcada por um sentimento de felicidade. Carregada de saudade, é verdade, mas muito vívida. Conto:

    Já estava na moto e a ponto de arrancar, quando recebi uma mensagem muito especial da minha amiga Vanda que, desde Portugal, registrou o início da viagem e desejou que corresse tudo bem. Era portadora, também, de um abraço do Marco, que enviava lá de Angola. Dois amigos pelos quais tenho tanto apreço que as manifestações foram um verdadeiro regalo. Viajei pensando neles e imaginando como seria bom poder dividir a estradinha de muitas curvas e não poucos buracos, na qual somos envolvido pela mata verde e por um clima de verdadeira paz. Uma via para a gente deslizar e querer que demore muito para chegar ao destino. 

    Quando saímos da Rodovia Regis Bittencourt, passamos Juquiá, e efetivamente apanhamos a SP 139, me antecipei em fazer mentalmente esse caminho que sempre me apraz. Voei um pouco adiante com certa euforia porque passaria em um pequeno trecho da Serra da Macaca, no município de Tapiraí. O mesmo movimento que me levou adiante, repentinamente me fez retroceder para lembrar que conheci essa estrada quando fui a Itu fazer um curso de pilotagem offroad em big-trail. Havia comprado, fazia pouco, a Super Tènèrè 1200 e ainda estava assustado com o tamanho. Por puro acaso tomei conhecimento que o Ricardo Atacama e o Eduardo Wermelinger (escudados em suas empresas) estavam trazendo dois pilotos portugueses para ministrar esse curso: Carlos Azevedo e Carlos Martins. Ter conhecido esses dois pilotos, hoje amigos especiais, me levou a fazer a primeira viagem com a Motosplorers (Islândia), seguida de tantas outras. Foi, então, por toda essa coincidência que terminei encontrando Vanda e Marcos no tour do Sul da África. Está bem, vocês podem estar pensando que forcei a barra para contar sobre a mensagem. Ocorre que chegando ao hotel fui conferir a data em que ocorreu o curso e me surpreendi ao constatar que foi no final de agosto de 2011. Portanto, exatamente quando completa dez anos do início dessa trama, tudo acontece. Não, eu não acredito em acaso, destino e quejandos, mas que essa situação toda me conferiu enorme prazer. 

    Registrei também outras mensagens que considero importante e pela quais agradeço com muito carinho.

    Querem mais? Logo que saímos de Juquiá, eu estava na frente, verifiquei que logo atrás da moto do Davi vinha uma moto pequena. Como no trajeto inicial havia um certo movimento de veículos e ninguém tinha condições de ultrapassar, seguimos os três "em formação". No entanto, quando aumentamos a velocidade depois passar por quem estava mais devagar, percebi que a moto mantinha a mesma tocada e a mesma distância, o que permaneceu inalterado quando passamos a trafegar por uma via bem mais complicada, com muitos buracos e curvas mais acentuadas. Tive a sensação que aquele motociclista poderia nos ultrapassar quando quisesse, mas estava resolvido a nos fazer companhia. Gostei da atitude e fiquei pensando como são interessantes essas comunhões precárias e circunstancias. Elas não estão fundadas em nenhum interesse, senão em uma sintonia ocasional de desfrutar veladamente uma companhia de viagem que se dissolverá em pouco tempo, mas que revela um determinado grau de companheirismo. Nunca saberei sobre quem foi nosso companheiro, ele nunca saberá de nós. No entanto, lembraremos para sempre que um dia viajamos quase 70 quilômetros em harmonica cumplicidade. Pensei que esse era um sentimento muito particular meu. No entanto, quando a estrada ficou melhor e já estávamos praticamente chegando em Piedade, o parceiro momentâneo acelerou a sua Tornado, emparelhou e fez um amistoso e respeitoso gesto de agradecimento a que correspondi com a mesma intensidade, depois passou pelo Davi, que neste momento já estava na frente, cumprimentou e fez-se perder de vista. 

    Guardo hoje como um muito especial da viagem que recém inicia. 

    Desde a garagem do hotel partimos vestindo capa de chuva e só foi possível tirar na garagem do hotel em Indaiatuba. Ainda quando tivemos algumas tréguas, o piso esteve sempre molhado. Para quem viu aquelas motos coxinhas, limpinhas e enceradas de ontem e as roupas como as da foto que publicarei abaixo, informo que hoje já estamos timbrados pela normal "sujidade" das estradas. Aos poucos vamos mostrando também isso.

   Aproveitei para definir, entre tantos, qual o guia via satélite ou  sinal telefônico me guiará nas demais jornadas. Liguei ao mesmo tempo o navegador da BMW e o velho bom Garmin, com mapa  do TRS. O Davi segue usando o Google Maps, tendo abandonado definitivamente o GPS. Defini que minha melhor companhia continua sendo o Zumo. A partir daqui volto ao sistema com o qual já estou mais do que acostumado. Não teremos problemas de conflito porque combinamos que quem está na frente guia-se e conduz o "comboio" pelo aplicativo que adotou. Podemos demorar pouco mais, mas certamente em algum momento chegaremos.

   Já vai longa a história. Quando possível retorno. Amanhã provavelmente estaremos na Serra da Canastra e, por isso, não tenho muita fé no sinal. Em outras vezes em que lá estive não foi muito legal.  Veremos!

Foto de ontem, enviada pelo Davi, que mandou outras mas ainda não consegui capturar.



3 comentários:

  1. Aviso: texto sem revisão! Hahahahaha.
    Continue fazendo uma boa viagem!

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  2. Bom dia de domingo para vocês, queridos amigos Paulo e Davi! Seu relato do trajeto de ontem foi delicioso de ler! Certa de que foi um presságio da excelente viagem que farão! Seguirei por aqui silenciosa na maior parte das vezes mas fiel acompanhando os caros amigos em mais esta aventura que nos inspira a soltar as amarras e sair viajando. Beijo

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  3. Interessante a desconhecida companhia. Coisas de quem viaja.

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