Nos últimos dias o tempo (apesar de anoitecer muito tarde) a intensidade das atividades e as cervejas, vinhos e piscos, me impediram de contar diariamente, como gosto de fazer.
Ainda em Rio Tranquilo, no dia seguinte, por volta de 9,00 horas fomos fazer a navegação pelo Lago que nos levou à Catedral e à Capela de Mármore. Novamente me deslumbrei com o lugar, embora já tenha estado lá ano passado. Claro que na primeira vez a luz que tivemos foi a do final da tarde e agora foi pela manhã, o que muda muito a percepção.
Ainda tivemos tempo de visitar um glaciar, dois lagos e uma cachoeira nas proximidades de Puerto Rio Tranquilo.
Por volta de meio-dia seguimos viagem na direção de Coyhaique. Uma das melhores cidades na Carretera Austral. No trajeto entramos para conhecer Puerto Ibañez.
Ficamos em um hotel novíssimo, e que muito recomendo, chamado Entre Cumbres. De um bom gosto impressionante e com apartamentos muito bem equipados. Eu gostaria de ter ficado muito mais tempo na cidade. O problema foi que chegamos no sábado, já na parte da tarde e no final de semana tudo fica fechado e a cidade muito vazia. De qualquer forma, curtimos muito o tempo em que lá estivemos. Jantamos em um restaurante chamado Da Gos. Como está sendo a marca desta viagem, tomei uma cerveja local excepcional. Fabricada por belgas que residem na região.
No domingo saímos cedo para conhecer Puerto Aysen em direção a La Junta. Paramos para muitas fotos. Tínhamos com objetivo maior neste trajeto conhecer o famoso Ventisquero Colgante. Bem na entrada para o parque tem um café. Nesta parada encontramos novamente os viajantes de moto que havíamos encontrado no trajeto entre Bragado e Neuquén e que referi anteriormente. Comemos algo por ali, aproveitando uma conversa muito aprazível e com muitas dicas recíprocas para o trajeto futuro, já que eles desciam a 7 e nós subíamos. Nesse mesmo trajeto, pouco antes, encontramos um casal de Ingleses que mandaram a moto para Buenos Aires, desceram ao Ushuaia e estão subindo rumo ao Alasca. Em razão da demora nas conversas e nas visitas aos pontos de interesse, resolvemos ficar em Puyuhuapi. Um vilarejo interessante. Fomos jantar em restaurante muito simples, mas com uma comida excelente e com cerveja local digna de nota. O ponto alto do jantar foi encontrar um brasileiro que estava viajando sozinho. Aluguou um carro em Puerto Mont e foi até Coyhaique, desistindo do resto de viagem pela Carretera em virtude do trecho de rípio que teria pela frente. Experiente em viagens e em vida, nos encantou com seus relatos e suas considerações. Só não coloco o nome aqui porque não pedi autorização, mas foi uma companhia e tanto na noite de ontem.
Hoje pela manhã seguimos para Chaitén, onde, finalmente, encontrei um cabana com um wi-fi descente. Aliás, o grande problema desta região é a condição de conexão com wi-fi, mas está aos poucos melhorando.
A propósito disso, iniciando algumas considerações gerais, lembro de ter dito, em algum momento na viagem de moto pela mesma Carretera, que a Argentina estava muito à frente do Chile, na região da Patagônia. Hoje, talvez o quadro não tenha invertido, mas a verdade é que o Chile melhorou muito. As pessoas estão mais preparadas e é possível encontrar pousadas e cafés, com produtos excelentes, em pontos antes impensáveis. De outro lado, diferente do que sempre ocorreu e que esperava encontrar, o Chile está muito mais barato que a Argentina, inclusive no que se refere ao combustível. Aliás, o combustível na Argentina está mais caro que no Brasil. Fui mesmo uma surpresa.
Como é insistentemente dito por todos aqueles que viajam pela Patagônia, aqui tudo é muito grande, muito forte e muito intenso. Para mim as duas grandezas que mais impressionam é o vento e o silêncio. Pode parecer contraditório, já que o vento faz barulho notável. Mas quando o vento cessa ou a encontramos um bom abrigo, o silêncio se agiganta e encanta. Penso que alguém que tenha nascido ou que esteja há muito tempo por aqui tenha dificuldade de viver em outro lugar. É um luxo e um conforto que só experimentando para saber.
Por fim, comento que penso que está tenha a viagem mais conversada de todas que eu já fiz. Me dediquei a isso. Um café nunca foi só um café, foi um pretexto para uma "charla" de pelo menos meia hora. Segui a risca o ditado sobre tempo e pressa nestes rincões.
O maior trecho de terra nesta rota bimodal concluímos hoje. A partir de amanhã o trajeto maior será em barcaças. Estamos a dois dias de concluir a Carretera Austral e realizar mais sonho.
Sem qualquer pretensão de dar uma pálida ideia do que vimos, seguem algumas fotos (aproveitando a internet).
Fotos e relatos maravilhosos. Curtindo tudo com vocês. Hoje devo publicar no nosso blog a viagem para a África com centenas de fotos. Beijo.
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